legenda imagem: Isabel dos Santos tem sido um dos rostos mais visíveis do investimento angolano em Portugal. Tem participações em vários setores. Diana Quintela/Global Imagens
Crise do petróleo enfraqueceu relação com Angola. Mas, apesar da quebra, movimentam-se muitos milhões entre cá e lá...
A crise do petróleo tem sido sentida com especial intensidade em Angola. Tanto que a sua economia deverá crescer menos de metade do que se previa no início do ano. A escassez de dólares, contenção da despesa pública, adiamento de grandes projetos e revisão das receitas previstas não estão a passar ao lado das relações económicas com Portugal, desde logo pelas exportações. Só em setembro, as vendas a Angola caíram 42%. No entanto, Angola continua a ser um dos parceiros mais importantes fora da UE e, no total, é o sexto maior comprador de produtos nacionais. Era o quarto, antes da crise petrolífera. "Sem incluir o setor petrolífero, Portugal é o principal fornecedor de mercadorias a Angola", afirma Paulo Varela, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA).
Nos primeiros nove meses deste ano, Luanda foi responsável por 1,6 mil milhões de euros em exportações de bens, depois de ter feito entrar, no total de 2014, quase dois mil milhões de euros em Portugal. Entre compras e vendas, a balança comercial regista um saldo positivo para Portugal de 647,8 milhões.
Estes números tiveram forte melhoria nos anos da troika, quando as empresas portuguesas se viram forçadas a diversificar a carteira de clientes. No final do ano passado, contabilizavam-se já 9438 empresas portuguesas com exportações para Angola, mais 26% do que em 2010, mostram números da AICEP.
As máquinas e aparelhos, assim como bens alimentares - especialmente vinho e cerveja de malte -, metais comuns (ferro e chumbo, por exemplo) ou bens agrícolas são os produtos nacionais mais vendidos a Luanda, enquanto se importa, especialmente, combustíveis minerais, que posteriormente voltam a ser exportados, em menor quantidade, já refinados.
Não são só exportações
A relação portuguesa com Angola vai muito além do que se vende ou compra. Portugal é um forte investidor naquele país e tem também, nos últimos anos, recebido vários investimentos de peso com origem em capital angolano.
No final do segundo trimestre de 2015, o Banco de Portugal contabilizou 10,81 milhões de euros investidos por Portugal em Angola, num total de 2,22 mil milhões (stock). Estas apostas têm sido feitas nas mais variadas áreas da economia angolana. Carlos Matias Ramos, bastonário da Ordem dos Engenheiros, salienta o peso dos negócios no setor da construção em África, que representa já "76% dos trabalhos realizados pelas empresas portuguesas no exterior", enquanto para as empresas europeias "este mercado constitui apenas cerca de 9% da atividade internacional". Angola é o país que mais tem acolhido os investimentos nacionais. E, diz o bastonário da Ordem dos Engenheiros, as oportunidades para lançar novos projetos parecem não se esgotar. Mantêm-se carências em "áreas determinantes, como o abastecimento de água potável às populações, o saneamento básico, a satisfação das necessidades de água para a agricultura, área com grandes potencialidades, as infraestruturas de transporte - estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos -, que garantam a conetividade interna e externa, fundamentais para melhorar as condições económicas e sociais do país".
Angola representa cerca de 40% da faturação das empresas portuguesas do setor da construção que operam em mercados externos, o que significa pelo menos dois mil milhões de euros anuais, de acordo com a Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS). Mota-Engil, Somague e Teixeira Duarte são alguns exemplos de empresas que têm apostado em Angola. Mas há outros, quer na área de bebidas (Central de Cervejas), alimentação (Delta) quer na dos transportes.
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