A madeira em exploração deixa de circular em toro, em 2017, fora da província do Moxico, na sequência do decreto 199 de 22 de Abril deste ano, para permitir a sua transformação em tábuas, barrotes, tacos e contraplacados, anunciou ontem Isaac Victor, chefe de departamento do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) na província do Moxico.
O decreto visa a agregação de valor e aumentar a criação de postos de trabalho, pela inexistência do segmento da transformação.
Com a medida, os exploradores de madeira são obrigados a realizar investimentos no segmento da transformação do produto, com a implantação de serração nas áreas de exploração ou na cidade do Luena.
Isaac Victor, chefe de departamento do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) na província do Moxico, disse à Angop que acabar com o transporte de madeira em toro constitui uma orientação expressa no decreto n.º 199 de 22 de Abril do ano em curso.
“Esta é uma orientação expressa e, à luz do decreto n.º 199 de 22 de Abril de 2016, já está regulamentado que a partir de 2017 a madeira não pode circular fora da província em toro, sem que esteja transformada em barrotes e tábuas. Estamos a passar a mensagem a todos quantos estão interessados na sua exploração”, esclarece o responsável pelo licenciamento dos madeireiros. Em 2016, disse Isaac Victor, o Instítuto de Desenvolvimento Florestal procurou ensaiar este princípio e, de algum modo, está a dar os seus resultados, mas não taxativamente por ser ainda um período de graça, para permitir que a mensagem chegue a todos de que, a partir de 2017, não haja madeira que possa ser transportada em toro.
Isaac Victor assegura que grandes investimentos no sector da transformação passam a ser realizados nos próximos tempos, porque a implantação de serrações de grande e média dimensão implica a mobilização de muitos recursos financeiros.
“Transformando a madeira, ou na área de corte ou na sede da província teremos muito a ganhar, porque vai agregar valor e muitos dos jovens podem encontrar aí o seu emprego. São absorvidos no mercado de emprego, aumentando a sua renda e podem ajudar no sustento das suas famílias”, declarou Isaac Victor.
De acordo com o processo de cada madeireiro entregue para este ano, num total de 65 empresas envolvidas, se cada um empregar pelo menos dez trabalhadores, só na área de corte passam a trabalhar 650 pessoas. Adicionando o transporte, a transformação, a cozinha, os serviços administrativos, estes números podem crescer substancialmente nos próximos anos. “Quando remeteram os processos, contaram apenas com o corte e a transportação. Agora, com esta nova orientação, nalguns casos as empresas têm de admitir mais pessoal, para que haja naturalmente fluidez no trabalho que vão realizar”, afirmou Isaac Victor. Dado o contexto que o país vive, caracterizado pela crise causada pela queda do preço do petróleo no mercado internacional, Isaac Victor acredita que a madeira é o produto que mais vai contribuir para o crescimento do Produto Interno Bruto do Moxico. No passado, embora o número da população fosse mais reduzido do que actualmente, a província do Moxico era uma referência nacional e internacional na produção de madeira e do arroz.
São os dois produtos basilares que fizeram que a cidade pudesse crescer.
Neste momento, a região conta com cinco projectos ligados à transformação da madeira, no âmbito do programa do Executivo que visa maior apoio ao empresariado nacional.
No âmbito do processo de diversificação da economia, para a região do Moxico, foi eleita a produção de madeira e de arroz.
“Já esteve aqui o Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), na pessoa do seu director, e reuniu-se com as empresas eleitas. Está-se a trabalhar para ver se estas instituições possam ter financiamento no biénio 2016/2017”, informou o presidente da Associação dos Madeireiros da mesma província, Frederico Paulino.
“Agora, todas as empresas querem utilizar a madeira como divisa, mas cabe ao Governo seleccionar instituições idóneas que vão ajudar, com a sua actividade, na arrecadação de moedas estrangeiras para o país”, acrescentou Frederico Paulino.
As empresas de transformação, disse o responsável, vão ter linhas de processamento de madeira em blocos, tábuas, pranchas, vigas, barrotes, tacos, entre outros derivados da madeira.
Frederico Paulino garantiu que, à medida que as empresas ganhem maior capacidade financeira, a província vai agregar a produção de contraplacados.
fonte in jornaldeangola.sapo.ao